quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

MÚSICA É EMOÇÃO



A Boneca (Marina) e a Menina (Glacyane)
Quem pensa que vida de ator/atriz é fácil, basta acompanhar durante alguns dias os ensaios diários do projeto Cena Aberta Formação, da Casa da Ribeira, para perceber que não é tão simples quanto se imagina. Prestar atenção nas marcações, nos diálogos, nas deixas do companheiro, no que vem depois, na roupa pesada, no próximo movimento... Sem contar as infinitas broncas do diretor: “Volta, tá tudo errado”. Agora imagina dar conta de tudo isso e ainda cantar?!

Segundo Heliana Pinheiro, responsável pela preparação vocal dos atores em formação, a música costuma ser um elemento muito assustador e que geralmente não é facilmente digerido pelo ator. “Em termos de preparação vocal de um espetáculo, isso é um desafio muito grande, porque as experiências são muito pessoais e a confiança que a pessoa tem na própria voz depende do grupo. Então precisa ser um grupo coeso para essa confiança ficar distribuída entre todos os elementos do grupo”.

Para criar esta confiança entre os jovens atores, Heliana fez algumas experiências com jogos para eles sentirem que estavam sendo ouvidos e que faziam parte de um grupo, buscando em seguida uma identidade vocal para este grupo. “Este processo de confiança e crescimento dentro do grupo foi o foco principal que eu procurei dar inicialmente. Não adianta confiança individual, pois é um trabalho coletivo, a proposta é a formação de um grupo”, acrescentou.

Os três mendigos (Luana, Jociel e Hugo)
O espetáculo será composto por diversas músicas, com as letras seguindo a proposta de cada um dos elementos da dramaturgia, que são o pântano, o deserto e o fogo. Ao todo serão cinco momentos musicais incluindo o cotidiano (início), a viagem da menina (meio) e a grande batalha, indicando a finalização da jornada. “Como é o desenrolar de uma jornada, então o som começa produzido pelos atores no palco. A partir do momento em que a jornada começa a virar fantasiosa, inicia uma trilha sonora introduzida”, comenta Heliana. A trilha sonora do espetáculo composta pelo músico Luiz Gadelha.

Apesar da pouca ou nenhuma experiência que os atores têm com a música no palco, Heliana Pinheiro confessa que o resultado está sendo positivo, e enfatiza que o objetivo neste projeto não é formar cantores afinados, mas fazer com que eles transmitam musicalmente à plateia a emoção que pede a dramaturgia, e que eles precisam passar. 

Cena cantada pelo grupo
“Música é emoção, mas se ela for passada afinada, ela chega melhor. Se a emoção for passada com um pulso coletivo ela se amplia. As técnicas é como se fossem o suporte da emoção. Mas a intenção não é que saiam grandes cantores, instrumentistas, porque não é esse o objetivo, e sim, ter uma formação básica de técnica que permita que eles fiquem seguros, para poder usar mais esse elemento (a música) em cena, o que não é fácil”, completa Heliana.

Heliana acredita que a arte é uma coisa muito dinâmica e orgânica, e que se não houver o coletivo não existe organicidade. "Eu acredito muito na criação coletiva. A ebulição da criação é imensamente ampliada no coletivo. E aí que devemos ter cuidado, pois o coletivo não pode restringir porque ele também tem esse poder. Eu acredito na coletividade para tudo. Para mim vida é coletiva".
Cena do pântano
Pré-sinopse do espetáculo
Inspirado na Jornada do Herói, o espetáculo conta a história é de uma menina que descobre um dia antes do seu 12º aniversário que os pais fizeram uma negociata na infância e a prometeram à Tirana Drago, quando completasse doze anos, para ser escrava numa mina de ouro. Ela sai desesperada atrás da Tirana para enfrentá-la e evitar que seja mais uma escrava dessa mina. No caminho ela vai encontrando obstáculos e guardiões, conforme a trajetória do herói. “É um conto de fadas que traz muitas referências do cotidiano, uma leitura metafórica, mas ampliada. Acontecem coisas terríveis, mas também muito bonitas”, completa o diretor Henrique Fontes.


O Projeto
Cena Aberta Formação é fruto do décimo segundo edital lançado pela Casa da Ribeira e é patrocinado pelo Governo do RN e COSERN, através da Lei Câmara Cascudo. A manutenção deste formato de democratização do acesso aos recursos tem sido uma grande aposta da Casa em 11 anos de funcionamento.

O edital Cena Aberta Formação inicia um processo que atua na lacuna entre artistas e públicos, facilitando a formação de cinco atores selecionados via edital público e por etapas de seleção com oficinas, gerando trabalho para mais de 20 profissionais das artes cênicas. Durante 04 meses estes profissionais irão montar um espetáculo de teatro voltado para todos os públicos, com foco especial nas crianças e jovens que têm pouco acesso aos espetáculos de teatro.

O público pode acompanhar de perto os processos criativos que envolvem uma montagem teatral, através do blog cenabertaformacao.blogspot.com e no canal Casa da Ribeira TV no Youtube, que revelará todos os bastidores desta montagem, através da opinião dos atores em formação, da equipe de profissionais e da Casa da Ribeira. O desejo é que as pessoas possam ver que não há segredos mágicos e nem produtos instantâneos. O teatro é um ofício e como tal requer trabalho.


Ficha Técnica Cena Aberta Formação
Direção: Henrique Fontes
Assistente de Direção: Quitéria Kelly
Dramaturgia: Clotilde Tavares
Cenário, figurino e luz: João Marcelino

Aderecista: André Ferreira
Trilha sonora: Luiz Gadelha
Preparadora vocal: Heliana Pinheiro
Preparadora corporal: Cláudia Viana

Atores em Formação
Glacyane Azevedo
Hugo Ferreira
Jociel Luis
Luana Vencerlau
Marina Chuva

Fotos: Joanisa Prates 

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